terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Memória de Natal


Imagem: Campos de Natal. Dez. 2015, Portugal.


Se eu fosse
a memória do Natal,
eu seria assim...
 

Hoje, criança,
tal como sou,
ando com ele
dentro de mim.  





Maria, 22-12-2015

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Reino maravilhoso...

Imagem: Árvores de Natal. Dez. 2015, Portugal.

Era uma vez um reino maravilhoso...
Quando a poeira das estrelas
desceu à terra,
semeou de luz,
povoou de nós.

Muito, muito tempo passou,
e, desde então, tudo mudou.

Mas algures, no nosso coração,
sabemos quem somos.

Por isso vestimos as nossas árvores pelo Natal.
E as cobrimos com esses mantos iluminados.
Para, vazios, nos lembrarmos...

Maria, 17-12-2015

 

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Eu conheço um Poeta... Plural como o Universo!




"Nas faldas do Himalaia o Himalaia é só as faldas do Himalaia.
É na distância, ou na memória, ou na imaginação que o Himalaia é da sua altura,
ou talvez um pouco mais alto."



Imagem: Paisagem de Montanhas



Eu conheço um Poeta,
"PluraL como o Universo",
que viveu noutro milénio,
do século passado,
e se foi a um 30 de Novembro.

Um Poeta de desassossegos,
íntimos, e fora de si,
escrevendo, ora em nome de personagens
que inventava, para consigo falarem,
se entenderem e acalmarem,
gentes, como Reis, Campos, Caeiro,
que depois calava,
 ora em nome de si,
sua Pessoa, que mostrava simplesmente.

Eu conheço um Poeta-publicitário,
que inventou um slogan
para uma bebida proibida,
em terras lusas,
até 74 do século passado,
e consumida, por contágio,
noutros sítios com sabor
a língua portuguesa,
porque sim.
E que dizia assim:
"Primeiro estranha-se,
depois entranha-se."
E ficou em mim.

Eu conheço um Poeta-génio,
que aspirava ao lugar de "Conservador-Bibliotecário",
num Museu-Biblioteca de Cascais,
e que sem meios,
mas cheio de palavra, cultura e documentos,
ainda assim, não serviu para esse fim.
E desesperado com a vida, numa carta
endereçada a Suas Excelências,
e respectiva Comissão Administrativa,
que representavam,
escreveu assim:

"(...) Salvo o que de competência e idoneidade
está implícito nas habilitações indicadas
como motivo de preferência (...)
e portanto se prova documentalmente
pelos documentos referentes às indicações (...),
a competência e a idoneidade não são susceptíveis
de prova documental.
Incluem, até, elementos como o aspecto físico e a educação,
que são indocumentáveis por natureza."   

Eu conheço um Poeta Universal,
que escrevia em inglês, em francês...,
e a língua portuguesa amava.
Que hoje é de todos,
e no milénio em que viveu,
era de alguns, apenas,
de si e de amigos e colegas
que espalhavam a sua poesia
e o que mais escrevia,
em fragmentos, cartas e contos
que criava e produzia,
e que irritavam, alguns,
que ouviam,
em Águias que voavam
ou em Orpheus que escandalizavam.

Eu conheço um Poeta em vida (im)publicado,
nem livro, excepto um,
nem folheto algum,
que hoje anda por todo o lado.
Sem público, por lhe faltar,
nem dinheiro seu,
que não tinha, não gastava,
nem, inutilmente, a editor fazia gastar.

Eu conheço um Poeta que gostava de dizer,
ou "melhor, de palavrar"
e escrevia, ora de pé,
ora pelas ruas vagueava,
e, de vez em quando,
numa "Brasileira" ou num "Martinho da Arcada"
se sentava.
E "Em Busca da Belleza" rabiscava.

Eu conheço um Poeta que em vida
uma "Mensagem" nos deixou,
profética, da História de Portugal,
e da Alma desse povo-mistério,
nos diz assim:
"Falta cumprir-se Portugal!"

E que sonhava:
"Passados os quatro tempos do ser,
a terra será teatro do dia claro",
da Alma, por despertar,
daquela metade que é medo,
mistério a descobrir,
cabo por ultrapassar.

Se "As nações todas são mistérios,
cada uma é todo o mundo a sós..."
"Cumpriu-se o Mar",
Falta vencer o mar imenso,
que separa as almas de todos e
de cada um de nós.
Que a Terra seja uma só!

Eu conheço um Poeta...
que nas Almas, suas,
viveu, estrela só,
"Plural como o Universo"
ainda, a brilhar pra nós.

(Maria, 30 de Novembro, de 2015)

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Doce e certinho verão de São Martinho...


Conheço um país
com um verão no outono,
a meio da estação.

Onde mansas abelhas caseiras
pacientemente transformam canseiras 
em doce, que semeiam.

Carregam a vida consigo,
dançam à volta, à volta, de nespereiras em flor,
para cá e para lá.

E o futuro transportam,
generosamente,
em silenciosa, paciente e grandiosa canção.

Que não se vê, 
se ouve baixinho, zumbindo,
e mora na t(r)oca e no coração.


Foto: "110115-2843: Nespereira em flor ~ Medlar tree in blossom, Nov. 1, 2015 - Portugal" (in https://flic.kr/p/zUnmR4)


 Pelo São Martinho,
conta a lenda,
semeia-se e partilha-se
com carinho.

Na Natureza também!
Voando de flor em flor,
dançando andam
doces abelhas,
recebendo e dando,
semeando o futuro.


Neste verão de São Martinho, assim certinho, um doce abraço para todos com carinho  \o/
Maria
 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Mudança de estação...


Quando o Sol e a Terra se encontram
em mudanças de estação
o que dirão um ao outro,
nesta movimentação?
O que escutarão
os seres que habitam os seus corpos?
O que ouvirão os seus espíritos 
em ressonante e harmónica conjugação?
Sentirão uma nova vibração?
Prestarão, eles, atenção à vida
e toda a sua jornada?
Mudança de estação,
ligada,
é guia...
é renovação,
experimentação,
alada, a mágica ondulação,
até à próxima chegada.


Imagem: Equinócio de setembro, 2015



(Maria, 23-09-2015)

"This being human is a guest house.
Every morning a new arrival.
A joy, a depression, a meanness,
some momentary awareness comes
as an unexpected visitor.
Welcome and entertain them all!
Even if they are a crowd of sorrows,
who violently sweep your house
empty of its furniture,
still, treat each guest honorably.
He may be clearing you out
for some new delight.
The dark thought, the shame, the malice.
meet them at the door laughing and invite them in.
Be grateful for whatever comes.
because each has been sent
as a guide from beyond
."
 
(Rumi, The Guest House)

sábado, 22 de agosto de 2015

Querido O'Neill...


 "Entre o viver e o sonhar / Há uma terceira coisa. / Adivinha-a."
(António Machado)

"A minha vida, lisa, aplastada, chata como tem transcorrido, só pode ser inventada. E, seguramente, foi assim que eu passei a vida: a inventá-la."
(Alexandre O'Neill in Memórias - "Uma Coisa em Forma de Assim")

Imagem: "Vida de Girassol"

Hoje andei passeando pelas tuas memórias, pela tua solidão:
"A solidão é uma situação prometedora. Promete o quê e a quem?"

Pelo teu exílio interior:

"Muitos escritores e artistas escolheram o exílio interior como meio de preservarem a sua integridade frente a uma sociedade indiferente ou hostil à participação... O exílio interior não é, propriamente, a morte civil... O exílio interior é, antes, um voluntário isolamento... Não se trata, a bem dizer, de uma fuga, mas, antes, de um afastamento para dentro, para o interior." 

Aprendendo contigo a Esperar o Inesperado:

"Esperar o inesperado é uma expectativa que se abre sem limites definidos, sem trajectória, sem apostar seja no que for. A esperança não tem nada a ver com este exercício permanente de disponibilidade. Nem, propriamente, a surpresa. Esperança e surpresa estão demasiado contaminadas de humano para poderem participar nesta disponibilidade para o que vier de um lá que nem sabemos onde se situa, onde terá vigência. E, no entanto, a busca do inesperado impõe-se... Foi Heraclito quem muito bem formulou esta imposição: «Se não buscas o inesperado não o encontrarás, que é penoso e difícil encontrá-lo.». Portanto, não esperar, mas buscar, o que implica... um moto próprio."
E a Desaprender:

"Quem não tiver uma curiosidade encarniçada por tudo o que o rodeia, quem alguma vez supuser que dá mais do que recebe, está perdido para o tal desaprender que repõe em causa ideias e formas. É que, depois de se saber tudo, estará sempre tudo por se saber. O criador deve ter a consciência de que, por melhor que crie, não consegue mais do que aproximações a uma perfeição que lhe é inatingível. Ele é um derrotado à partida. Sabê-lo e, apesar de tudo, prosseguir, é o seu único e legítimo motivo de orgulho. O resto é bilros.
Há uma altura em que, depois de se saber tudo, tem de se desaprender. Sucede assim com o escrever. Com o escrever do escritor, entenda-se. Eu, provavelmente poeta, estou a aprender a... desaprender. E para quê e como se desaprende? Para deixar de ronronar, para que o leitor, quando o nosso produto lhe chega às mãos, não exclame, satisfeito ou enfastiado: «- Cá está ele!»
Na verdura dos seus anos, a preocupação do escritor parece ser a da originalidade. Ser-se original é mostrar-se que se é diferente. E as pessoas gostam das primeiras piruetas que um sujeito dá. E o sujeito gosta de que as pessoas vejam nele um talento.
Atenção, vêm aí as receitas, as ideias feitas, os passes de mão, os clichés, os lugares selectos ou, mais comezinhamente, os lugares comuns. O escritor está instalado. Revê-se na sua obra. Começa a abalançar-se a voos mais altos, a mergulhos mais fundos. É a intelectualidade que o chama ao seu seio, o público que o põe, vertical, nas suas prateleiras. Arrumado.
Quase sem dar por isso, o escritor acomodou-se e tornou-se cómodo, quando propendia, nos seus verdes anos, a incomodar-se e a tornar-se incómodo... Vai a colóquios, celebrações, congressos. Ganha prémios... Está de tal modo visível que já ninguém dá por ele. É o escritor.
Se as coisas continuarem indefinidamente assim, o escritor pode ser alcandorado... já velho ou já morto o escritor. Pedra campal sobre o assunto.
Este é o exemplo do escritor autófago. Comeu-se a si próprio, melhor dizendo, comeu a sua própria imagem. Não por aquela devoração que o acto de criar traz consigo, mas por excesso de confiança na pessoa literata que projectou, como um halo, para todos os lados da sua figura. 
E de que outro modo poderia ser?
Para não falar de modéstia - e afastando, desde já, qualquer vislumbre de proselitismo - eu arriscaria dizer que estará condenado a si mesmo todo o escritor que não prestar mais atenção aos outros e às coisas deste mundo do que à sua - sem dúvida importante, sem dúvida decisiva - preciosa personalidade. O segredo da abelha é esse."  
 
(Alexandre O'Neill - Uma Coisa em Forma de Assim. Ed. Presença, Lisboa: 1985.)
Poeta e escritor, Alexandre O'Neill nasceu em Lisboa a 19 de Dezembro de 1924. Faleceu a 21 de Agosto de 1986. O poeta que gostava de jogar com as palavras e brincar a sério com a língua portuguesa.
Obrigada, O'Neill _/\_
Maria, 21-08-2015


sábado, 13 de junho de 2015

Prece



Imagem: "The ocean; O mar"

"Dá o sopro, a aragem - ou desgraça ou ancia -,
Com que a chamma do exforço se remoça,
E outra vez conquistemos a Distância -
Do mar ou outra, mas que seja nossa!"

(Excerto - Prece. In "Mensagem", Fernando Pessoa)


Peço ao vento, ao sopro, ao espírito,
que reacenda a minha alma,
para que possa amar,
com minha chama,
o mar imenso, universal,
esse imenso mar,
que se oculta em cada alma
e que possa ultrapassar
o assombro, o que a todos
ainda nos separa.

(Maria, 13-06-2015)

sexta-feira, 27 de março de 2015

Cata-vento...


Cata, cata-vento meu...
Diz-me de que lado vem o vento,
mas deixa-o passar!
Que o vento é de onde vem
e ninguém o pode segurar...

E toda a noite o galo cantou,
na chaminé.
E o vento, assobiando,
espiralado, no telhado,
desnorteado... enregelado...
ensularado... aconchegado...
Deixou o cata-vento,
Enfim, bateu asas, e voou!


Imagem:"Cata-vento; Weather vane." in https://flic.kr/p/qRt3da



(Maria, 27-03-15)

sexta-feira, 6 de março de 2015

Apogeu lunar...


Imagem: "March Full MooN" in https://flic.kr/p/qwUBEe
Não é por ser,
das Cheias, 
a mais pequena
que este ano tem,
Que deixa de ser 
tão bela.
Esta Lua,
pequena,
cheia e amarela...
Em apogeu lunar,
distante da Terra.




(Maria, 5-03-15)

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Precisam-se... @loucos


Partilho, porque há alguém procurando:

«Precisa-se de loucos...»

"De loucos uns pelos outros! Que nos seus surtos de loucura tenham habilidades suficientes para agir como treinadores de um mundo melhor. Que olhem a ética, o respeito às pessoas e a responsabilidade social não apenas como princípios organizacionais, mas como verdadeiros compromissos com o Universo.
De loucos de paixão. Não só pelo trabalho, mas principalmente por gente, que vejam em cada ser humano o reflexo de si próprios, trabalhando para que velhas competências dêem lugar ao brilho no olhar e a comportamentos humanizados.
De loucos de coragem para aplicar a diversidade nas suas fileiras de trabalho, promovendo a igualdade de condições sem reservas.
De loucos visionários que, além da prospecção de cenários futuros, possam assegurar um novo amanhã, criando estratégias de negócios que estejam intrinsecamente ligadas à felicidade das pessoas. Primeiro a gente é feliz, depois a gente faz sucesso, não se pode inverter esta ordem.
De loucos pelo desconhecido que caminhem na contramão da história, ouvindo menos o que os gurus tem a dizer sobre mobilidade de capitais, tecnologia ou eficiência empresarial e ouvindo mais os seus próprios corações.
De loucos poliglotas que não falem inglês, espanhol, francês ou italiano..., mas que falem a língua universal do amor, do amor que transforma, modifica e melhora.
Simplesmente de loucos de amor. De amor que transcende toda a hierarquia, que quebra paradigmas. Amor que cada ser humano deve despertar e desenvolver dentro de si e pôr ao serviço da vida própria e do outro. Amor cheio de energia, amor do diálogo e da compreensão...
Urgentemente de loucos, capazes de implantar novos modelos de gestão, essencialmente focados no SER, sem receios de serem chamados de insanos, que saibam que a felicidade consiste em realizar as grandes verdades e não somente em ouvi-las…"
(Fonte: «Precisa-se de Loucos» - Rivalcir Liberato, 2007) 

   Imagem: "Vénus e Mercúrio ao entardecer ~ Venus and Mercury after sunset" in: https://flic.kr/p/qu4bub

Se conhecerem alguém assim, estejam à vontade para partilhar!

Já há muito tempo que se procuram... :)

Também podem usar a "hashtag":
#loucosmundo...
#loucosvialactea...
#loucoslaniakea...
#loucosuniverso...
#loucosorg...
#loucosgente...

E o email:

loucosgente_vialactea@laniakea.uni...

 Para mais informações, vejam no sítio:
www.loucosgente-vialactea.laniakea/universo...

Grata a todos pela colaboração _/\_

E tenham uma existência "louca" e feliz!
Abraço, Maria