quarta-feira, 3 de abril de 2013

E encantamento...


Do meu Alentejo profundo
vejo a poesia e a beleza...
Mas não te digo, não,
se é terra ou maresia,
ouro ou tesouro,
achamento ou encantamento...


Ou se tudo isso...

"Queres conhecê-lo?
Vem para o meu lado
que já podes vê-lo..."




Além ao cimo,
a janela do pátio,
em castro muralhado,
por onde uma moura encantada
andou...
e um tesouro guardou
e por ele se encantou...





E antes dela habitado,
por seres iluminados...





Atlantes refugiados,
fugidos do mar...
pra aqui, terra alta,
seu lar recomeçar...
  







Aqui os jogos,
do moinho e do alquerque...

 




em pedra polida, 
que essas gentes
laboriosas e habilidosas
esculpiram, partilharam,
e em comunidade jogaram,
e outros vindouros, depois,
estratégias pensaram
e pra nós, deixaram...







E contando a história,
de Ferro, do Castro...





sepulturas xistosas escavadas,
circulares e rectangulares,
adormecidas, umas,
outras, já acordadas...






E lá ao fundo...

                                                       


 
 guardando a muralha,
o Mira espreitando
e serpenteando...
subindo e ligando,
calmo, até ao mar...




 Assim conta Al-calá, 
de seu árabe nome...
 

E em romaria,
a cada Setembro,
a Senhora da Cola.




(Maria, 02-04-2013) 
Mais info:








Povoado de Castro da Cola, Alentejo - Portugal

Neolítico até à Época Medieval:
este povoado revela vestígios de ocupação que se estendem desde a Pré-História (Neolítico - do grego neos/novo, e lithos/pedra; o período mais recente da Idade da Pedra; Pedra Polida; aprox. entre 10.000/3.000 a.C.; - ou Calcolítico - do grego khalkos/cobre, e lithos/pedra; período da Idade do Cobre; aprox.entre 2.500/1.800 a.C.) até uma época posterior à Reconquista Cristã (século XIII) altura em que terá sido abandonado.

"Classificado como Monumento Nacional desde 1910, constitui uma das mais importantes estações arqueológicas portuguesas. A sua monumentalidade chamou a atenção de diversos estudiosos desde, pelo menos, o século XVI, mas o seu estudo sistemático apenas se inicia em 1958 com uma extensa equipa de arqueólogos dos quais se destaca Abel Viana, que aí trabalhará até à sua morte, em 1964.
A fortificação principal, sobre o rio Mira, é composta por uma muralha com um perímetro aproximado de 330 metros. A entrada para esta última fazia-se através de uma grande torre, de que restam, apenas, as fundações. Daí acedia-se a um amplo pátio, que formava o centro da Al-calá (fortaleza), palavra árabe que veio a dar origem ao topónimo Cola."
(excerto de Circuito Arqueológico da Cola - Guia. Centro de Acolhimento e Interpretação Castro da Cola, Ourique - Portugal. Edição IPPAR - instituto Português do Património Arquitectónico)

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