quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Na cidade ou na aldeia...


"... onde se vive melhor?" 


Utilizando critérios etnológicos, Moisés Espirito Santo faz o diagnóstico da cultura portuguesa:

"Não tem o germe da cultura urbana (...).
Os Portugueses só serão de facto «como os europeus» quando forem capazes aos dezasseis anos de viverem num lar de jovens trabalhadores situado a quinhentos quilómetros do lugar onde nasceram, mudarem de casa como mudam de trabalho, e quando 50% deles viverem sós (...) como nos meios urbanos da Europa. É neste cadinho - para alguns um inferno - que nasce a cultura urbana. Até lá é-se rural ou ruralista.
Se a questão se refere à qualidade das coisas, «couves do quintal», «ovos das galinhas à solta», «ar puro», «água do poço» e outros clichés de aldeia, tudo desaparece sob a massa igualitaria do suburbio. Perderam-se a diferença, a convivialidade aldeã e a qualidade dos campos que o capitalismo europeu preserva afincadamente, e não se vive melhor nas cidades. Não somos rurais nem urbanos.
Somos rurais emigrados «comme un arbre dans la ville», somos rurbanos."

 (Moisés Espirito Santo, in «As Noites de Sociologia». Sociologia - Problemas e Práticas, Nº 8, 1990.)



 Continuamos rurais ou ruralistas, melhor «rurbanos»?


O que mudou nos últimos 20 anos?

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